Habitantes do Amazonas são os maiores consumidores de tambaqui, peixe nativo do estado e nobre na culinária amazonense. Mas para pôr à mesa as deliciosas ‘bandas’ assadas ou a caldeirada borbulhando de quente o consumidor depende de criadores de Rondônia, Roraima, Maranhão e Pará que, pela ordem, são os maiores produtores da espécie em viveiros.

Foto: divulgação
A piscicultura no Amazonas, alternativa para abastecer o mercado consumidor, declinou. Com pouca oferta o preço do tambaqui em feiras e mercados causa “indigestão”.
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Segundo o estudo “Solução debaixo d´água: o potencial esquecido da piscicultura amazônica”, do Instituto Escolhas, o tambaqui, a matrinxã e o pirarucu são as espécies de maior importância para a piscicultura no Amazonas. A melhor produção ocorreu em 2011, quando foram produzidas 27,6 mil toneladas dessas espécies.
De 2017 a 2022 houve um declínio de 6,3 mil toneladas caindo para 21,3 mil toneladas. Rondônia e Roraima são os principais responsáveis por atender o mercado amazonense com peixes típicos do Amazonas.
“Essa situação se dá principalmente pelo elevado custo de produção da atividade, em que a logística para a aquisição de rações industriais por parte dos piscicultores ou de seus ingredientes pelas fábricas de ração locais é um entrave”, diz o Instituto Escolhas.
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De acordo com o Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), em 2023 o estado produziu 14,1 mil toneladas de carne de pescado procedentes da piscicultura, incluindo tambaqui, matrinxã, pirarucu e curimatã.
A quantidade corresponde a três modalidades: a piscicultura em barragem (4.182,22 toneladas), em tanque escavado (9.693,38 toneladas), em canal de igarapé (211,62 toneladas) e em tanque rede (53,68 toneladas).
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Além do tambaqui, os híbridos (cruzamentos) tambacu, tambatinga, o pintado (surubim), a tilápia e o matrinxã são destaques na produção da Região Norte. O tambacu e a tambatinga são mais produzidos no Mato Grosso, no Maranhão, no Pará e no Tocantins.

Foto: Divulgação
Pequenos produtores
Conforme o estudo, a baixa produtividade de peixes nos estados da Região Norte está relacionada a fatores como o manejo da qualidade da água dos viveiros e o número de peixes por área em relação à quantidade de ração utilizada e o mercado.
“Se os pequenos produtores não tiverem alternativas de renda suplementares, dificilmente conseguirão se manter na atividade com esse nível de rentabilidade. Essa situação explica, em parte, a maior porcentagem de tanques inativos entre pequenos e médios produtores”, afirma o Instituto Escolhas.
O Escolhas que usou imagens de satélite, dados do IBGE ((Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da PeixeBR (Associação Brasileira da Piscicultura), estudo de custos das rações, produção de alevinos (peixes recém-eclodidos dos ovos) e de viabilidade econômica para identificar o mercado das espécies de peixes amazônicos.
O relatório informa que a partir de 2017 a produção amazônica caiu de 220 mil para 160 mil toneladas, com oscilação entre 160 e 170 mil toneladas até 2022, enquanto a piscicultura nacional está crescendo de 3% a 5% ao ano, puxada pela produção da tilápia gift, uma variedade de pescado geneticamente melhorada que chegou ao Brasil em 2005.
“Atualmente, a tilápia gift é responsável por 60% da produção nacional, e a perspectiva é que chegue a 80% até 2030”, diz o Escolhas.
O mapeamento incluiu exclusivamente empreendimentos de piscicultura em viveiros escavados e de barragem, abastecidos através de canais de derivação abertos por gravidade, ou tubulados por bombeamento, a partir de um curso d’água, reservatório ou poço tubular, que possui sistema de controle de entrada e saída de água”.
O estudo também informa, baseado em dados do IBGE, que em 2017 existiam 44.095 empreendimentos de piscicultura nos nove estados da Amazônia. No Amazonas, segundo o censo agropecuário de 2017, há 1.989 empreendimentos de piscicultura no estado.