POLÍTICA

Na CCJ, Dino afirma não ter tido contato com crime organizado no Complexo da Maré

Em seu depoimento, Dino negou ter recebido um informe da Abin sobre as movimentações pró-ato e minimizou as acusações de o ministro ter participado de uma suposta “omissão”.


O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, participou de uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara nesta terça-feira (28) para esclarecer sua ida ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, e sobre possível omissão durante as ações realizadas no dia 8 de janeiro, em Brasília, quando as sedes dos Três Poderes foram depredadas por manifestantes.

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Em seu depoimento, Dino negou ter recebido um informe da Abin sobre as movimentações pró-ato e minimizou as acusações de o ministro ter participado de uma suposta “omissão”.

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Flávio, disse que, ao ter acesso aos conteúdos que convocavam a população para os atos, achou que “era mentira”. Entretanto, telefonou aos governadores do Rio de Janeiro, São Paulo e do Distrito Federal. Dino disse que: “Os três disseram o mesmo. Nós vamos cumprir a Constituição’.

Sobre sua responsabilidade quanto aos atos do dia 8 de janeiro, Dino disse que “a Constituição afirma que quem faz policiamento ostensivo de garantia da ordem pública é a Polícia Militar. Está escrito na Constituição. E quem chefia? Os governadores, eu fui governador”, mencionou o ministro.

Dino afirmou também que, após a primeira ligação com Claudio Castro, Tarcísio de Freitas e Ibaneis Rocha, o “diálogo se intensificou” com os governadores. “E os três diziam: ‘A PM vai fazer a sua parte’. O Rio de Janeiro fez, São Paulo fez. No caso de Brasília, é público que disseram para ele [Ibaneis] uma coisa e aconteceu outra”, afirmou.

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O ministro exaltou as falhas das ações do governo do Distrito Federal. “A Polícia Militar do Distrito Federal não cumpriu o que estava escrito no planejamento”, completou.

Flávio Dino também disse que a informação de que estaria assistindo à invasão da Praça dos Três Poderes da janela do Ministério da Justiça, afirmou que não é verdade e disse ter sido avisado por telefone. “Onde está a omissão? Não posso descumprir a Constituição e a lei”, acrescentou.

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Outro assunto questionado pelos parlamentares, foi a visita do ministro ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Sobre o episódio, e as alegações de que teria se encontrando com membros de uma organização criminosa, Dino afirmou que o requerimento é “esdrúxulo” e uma tentativa de criminalizar a população mais pobre. “Como se fossem todos criminosos e não são.

Dino disse ter recebido o convite para participar de uma audiência pública na comunidade e que havia avisado a Polícia Militar e a Polícia Civil do Estado quatro dias antes da visita, por meio de ofício.

“Recebi o convite e quero dizer que já recebi outros e espero outros tantos e a todos os convites similares que receber, eu irei, porque não é favor, é dever. (…) Na próxima vou convidar os deputados e deputadas, porque quero crer que não é todo mundo, com medo das comunidades mais pobres do Brasil”, concluiu.

O ministro do governo Lula respondeu a perguntas feitas pelos parlamentares presentes sobre ter acionado o Supremo Tribunal Federal (STF) e acusado sete parlamentares por “fake News” disseminadas em relação a sua visita ao Complexo da Maré sem um forte esquema de segurança policial. “Eu tenho família, não posso permitir isto, seria aceitar mentiras”, disse o ministro.