O presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) falou nessa sexta-feira (9) aos seus apoiadores pela primeira vez após o resultado das eleições de 2022, que deram a vitória ao candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva. Conforme o presidente “tudo dará certo no momento oportuno”. Bolsonaro não discursava publicamente desde o dia 2 de novembro, quando pediu a apoiadores que desbloqueassem as rodovias nos protestos contra o resultado das eleições.

Foto: Sergio Lima / Poder 360
Foram 40 dias sem um contato direto com o público. Desde a divulgação do resultado, Bolsonaro deixou de realizar suas tradicionais “lives” nas redes sociais, focando exclusivamente em eventos oficiais. Tradicionalmente, as aparições e contatos com o público eram feitas pelo chefe do Executivo, no conhecido “cercadinho”, porém o reencontro foi no jardim do Palácio da Alvorada.
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Bolsonaro ouviu os manifestantes que demonstraram apoio ao político e entoavam palavras de ordem. Em seu pronunciamento, o atual chefe do executivo falou sobre sua luta contra “o sistema” e declarou seu respeito ao povo e a Constituição.
“Devo lealdade a todos os brasileiros. Ao longo de quatro anos, nós despertamos o patriotismo no Brasil. O povo voltou a admirar a sua bandeira. O povo voltou a acreditar que o Brasil tem jeito. Não é fácil você enfrentar todo o sistema. A missão de cada um de nós não é criticar, é unir. Muitas vezes, vocês têm informações que não procedem. Pelo cansaço, pela angústia, pelo momento, passam a criticar. Tenho certeza, entre as minhas funções garantidas pela Constituição, é ser o Chefe Supremo das Forças Armadas,” declarou.
Bolsonaro também falou sobre liberdade e a atuação das Forças Armadas em seu governo. “As Forças Armadas são essenciais em qualquer país. Sempre disse, ao longo destes quatro anos, que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo. As Forças Armadas, tenho certeza, estão unidas. As Forças Armadas devem, assim como eu, lealdade ao nosso povo, respeito à Constituição e são um dos grandes responsáveis pela nossa liberdade”, discursou.
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O presidente declarou que decisões que passam pela sociedade são difíceis e por isso devem ser bem trabalhadas. “Se algo der errado porque eu perdi a minha liderança, eu me responsabilizo pelos meus erros. Mas peço a vocês, não critiquem sem ter certeza do que está acontecendo”, acrescentou.
Bolsonaro alegou que ele e seus apoiadores, lutam por liberdade, até mesmo pelas pessoas que o criticam. O chefe do executivo federal disse que defende o Brasil, e o país precisa que as leis sejam efetivamente cumpridas. O presidente também pediu que os apoiadores respeitem a liberdade de expressão dos opositores.
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“Quem decide meu futuro, para onde eu vou são vocês. Quem decide para onde vai às Forças Armadas são vocês. Quem decide para onde vai a Câmara e o Senado são vocês também. Se temos críticas, erramos. Não tivemos o devido cuidado de escolher a pessoa certa. Mas as coisas vão mudando”, opinou.
O chefe do executivo disse que o país passa por um momento de provação, mas que é sempre tempo para acordar, ainda que a situação seja difícil. “Não é ‘eu autorizo’ não. É o que eu posso fazer pela minha pátria. Não adianta jogar a responsabilidade para uma pessoa só não, eu sou como vocês”, bradou. Ele relembrou a facada sofrida durante a campanha presidencial de 2018 e alegou que corre risco de vida o tempo todo.
O presidente agradeceu ao apoio recebido pelos manifestantes, e declarou nunca ter visto manifestações pedindo para um presidente ficar. O presidente afirmou também que “Nada está perdido. O ponto final é somente com a morte. Nós nunca saímos das quatro linhas da Constituição e acredito que a vitória será dessa maneira”, declarou.
Bolsonaro finalizou seu pronunciamento afirmando que a sociedade tem o poder de mudar o futuro da nação e pediu mais união e menos críticas. Durante os 40 dias de poucas aparições, Bolsonaro chegou a ingressar com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com um pedido de anulação de parte das urnas eletrônicas utilizadas no segundo turno das eleições presidenciais, porém, após a negativa da Corte Eleitoral, o presidente optou por ser manter recluso na vida pública.