Opinião
André Luiz

OPINIÃO

A preocupação com o “ter”

Dar o melhor para os filhos é algo majestoso. Nem sempre dar o melhor é o melhor


Na busca de preencher a lacuna da distância, muitos pais e mães, abarrotam os filhos de presentes, construindo uma relação econômica das trocas compensatórias.

Pais e mães, de acordo com a sua atividade laboral, estão sempre ausentes do convívio familiar. Baseado nesse padrão de convivência, as crianças, aguardam, aquela compensação da ausência com uma lembrança (presente), com o intuito de amenizar o vazio materno ou paterno.

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Foto: Freepik

Pais! CAUTELA! Procure não trilhar o caminho da divinização das crianças e dos jovens, pois eles não são os senhores e as senhoras do reino. Esse paradigma da divinização decorre de uma mentalidade em que pais e mães baseiam-se na justificativa: “Já que eu me mato de trabalhar, já que vivo nessa correria, quero dar o melhor para o meu filho(a)”.

ATENÇÃO! Dar o melhor para os filhos é algo majestoso. Mas isso não significa que dar o melhor é dar qualquer coisa. Nem sempre dar o melhor é o melhor. Exemplo: trouxe um novo celular para você! Qual a necessidade se ele ganhou um celular a menos de 06 meses?

PAIS! Dar o melhor significa disciplinar os filhos, para contemplação dos bens materiais que possuem, criando o habito do zelo evitando o desperdício, pois os jovens precisam ser educados para que tenham o senso em diferenciar uma vida abundante de uma vida de desperdícios.

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Parte dos jovens não tem a percepção de que existe um esforço dos seus pais para proporcionar o que está à volta deles. Sem esse reconhecimento não há valorização. E a relação com aquilo que ganham passa a ser descartável.

Nesse contexto de mercantilização do afeto, nasce a excessiva preocupação com o ter. Como se a posse de determinados objetos atribuísse valor às pessoas. A sociologia chama de bem diferencial aquilo que destaca alguém em meio a um grupo. Portanto, para alguns atores sociais, não possuir algo é como carimbar o passaporte para exclusão.

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Foto: Freepik

Diante dessa problemática do ter, uma questão séria, para os pais pensarem: “se os amiguinhos têm e ele não tem, ele vai ficar chateado”. ATENÇÃO PAIS!  É necessário educar a criança para entender que as pessoas não têm as coisas só porque os outros têm.

Reflexão: meu filho pede um celular porque todos os coleguinhas têm. Dou ou não? E se eu não der e ele se sentir mal com a recusa? O ponto focal não é deixa-lo se sentir mal, mas formá-lo para que entenda que não será proprietário o tempo todo de todas as coisas.

Se eu achar que não é adequado à resposta é NÃO. A criança precisa compreender que existem limites na vida e que não se devem ultrapassar certas fronteiras para satisfazer todas as vontades. Se uma criança ficar traumatizada pelo NÃO, quando crescer, ela ficará condicionada a achar que os desejos são mais importantes que as limitações.

PAIS! CAUTELA! A obsessão laboral pode levar vocês à beira da histeria produtiva e o trabalho insano e incessante, cuidado com laborlatria. Construa um tempo de qualidade para ser o mentor da educação dos seus filhos.

A mercantilização do afeto representa um desafio significativo para a saúde emocional e social da humanidade. Confrontar essa tendência exige um esforço coletivo para reafirmar os valores de sinceridade, empatia e conexão genuína em nossas relações, principalmente a relação pais e filhos. Ao promover esses valores, podemos esperar construir uma sociedade mais integrada e emocionalmente saudável, onde as relações se baseiem no respeito mútuo e no afeto sincero, e não em transações superficiais.

NÃO ESPERE PELO EPITÁFIO. (CORTELLA)

 

Sobre o autor

André Luiz dos Santos de Oliveira é oficial da reserva da PMAM, graduado em História, especialista em História do Brasil e Segurança Pública pela Faculdade IBRA de Brasília (DF). Cursou Polícia Comunitária – SENASP/2010, Gestão de Conflitos – ABED/2016, Treinamento Palestrante de Alta Performance – Portal Fox – Consultoria , Coaching e treinamento – 2022,  Masterclass “O poder da Liderança” – Évora Ferraz consultoria e treinamento – 2022. Formação Treinador Comportamental – Instituto Lyoumam e Instituto Brasileiro de Treinadores- 2022, Curso Relações Interpessoais no Trabalho – Escola Legislativa Câmara Municipal de Manaus – 2023, Curso Como falar melhor em público – Escola Legislativa Câmara Municipal de Manaus – 2023.