O presidente Jair Messias Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, foi o entrevistado nessa segunda-feira (22), no Jornal Nacional, iniciando a série de entrevistas que o programa jornalístico vai realizar com os candidatos à presidência da República mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. Bolsonaro foi sabatinado durante 40 minutos pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcelos.
A entrevista iniciou com questionamentos sobre as declarações de Bolsonaro a respeito da segurança do processo eleitoral brasileiro. Bonner perguntou ao presidente: “O que o senhor pretende, ao criar um ambiente de golpe?” Além de querer saber o porquê dos “xingamentos” aos ministros do STF ou se irá respeitar o resultado das eleições desse ano.
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“Primeiro você não está falando a verdade quando disse xingar ministros, eu só especifiquei um, isso é uma ´fake News´ da sua parte. Outra coisa… o que pedi era transparência nas eleições, vocês com toda certeza não leram o inquérito de 2018 da polícia federal que está inclusive inconcluso”, disse Bolsonaro.
O presidente indagou os jornalistas sobre a importância de se ter uma melhor segurança no processo eleitoral para não gerar dúvidas futuras. ”Se você pode botar uma tranca a mais na sua casa para evitar que ela seja assaltada, o que vai fazer com isso? Outra coisa… em 2014 tiveram as eleições e o PSDB duvidou e contratou uma auditoria particular, e o resultado foi que as urnas são inaudíveis”, declarou o presidente.
Sobre a questão dos ministros do STF, o presidente afirmou que precisou “provocar” a Justiça Eleitoral para que existisse mais transparência no pleito. De acordo com Bolsonaro, a participação das Forças Armadas deve garantir a transparência do processo eleitoral. “O ministro Alexandre de Moraes acabou de assumir o TSE. Amanhã ele tem encontro com o ministro da Defesa, para tratar sobre transparência eleitoral”, disse.
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Sobre a atuação do governo no combate à pandemia de covid-19, o presidente rebateu as críticas de Renata Vasconcelos em que o classificou de “falta de compaixão”, relatando algumas declarações do presidente sobre os problemas relacionados aos sinistros em Manaus.
“Usei uma figura de linguagem (do Jacaré) … isso não é brincadeira, faz parte da linguagem. Nada errei no que falei, falei que deveríamos tratar idosos, pessoas com comorbidades e o resto da população trabalhar. Hoje, muitos falaram que o lockdown foi um erro. O que aconteceu foi que esse método atrapalhou a economia, e ficar em casa era infectar mais pessoas. Não tem quem não perdeu um parente ou um amigo. Lamento as mortes”, disse o presidente.
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Sobre o meio Ambiente, o presidente questionou a falta de coerência dos países da Europa. “Primeiramente, destruidor de florestas é uma mentira. Ninguém quer destruir florestas por livre e espontânea vontade. Com os problemas agora da guerra, a União Europeia quer acelerar o acordo conosco para o Mercosul. A Alemanha está usando combustíveis fósseis. Por quê? Se era um dos países que diziam que nós deveríamos, cada vez mais, buscar energia limpa”, citou.
Sobre a economia, Bolsonaro destacou a deflação que o país está vivendo, ao contrário do resto do mundo. “Olha só, os partidos de esquerda votaram contra. O parcelamento dos precatórios que era condição para a gente dar lá atrás 400 reais de auxílio para o Brasil, para esses mais necessitados. Então o PT votou contra o auxílio Brasil de 400 reais”, comentou.
Bonner questionou o presidente sobre as promessas de campanha em 2018 de não conversar com o “centrão”, o presidente destacou, “Assim você quer que eu seja um ditador! Há poucos meses, para diminuir o preço da gasolina no Brasil, todos os senadores do PT votaram contra a redução de ICMS no Senado. Como eu vou trabalhar com o parlamento sem o partido de centro?”, disse o presidente.
Segundo a empresa de medição de audiência Kantar Media, o Jornal Nacional teve a maior audiência do ano, com pico máximo de 37% em São Paulo, que equivale a (46,3% de quota de audiências).
A entrevista de Bolsonaro no JN, repercutiu entre os presidenciáveis. No twitter, Lula em sua página oficial comentou que Bolsonaro mente para o Brasil, zomba das vítimas da COVID-19, atrasou as vacinas, ofendeu ministros do STF e tantas outras mentiras.
Já Ciro Gomes, disse: “É constrangedor ver um presidente da República mentir com tamanha desfaçatez”, afirmou.
No mundo artístico, a cantora Anita postou uma foto decifrando o que estava rabiscado na mão do presidente da República (cola). Na ocasião, estava escrito NICARÁGUA, ARGENTINA, COLÔMBIA E DARIO MESSER.
Embora esses assuntos não tenham sido comentados na entrevista, a postagem da artista reaqueceu polêmicas como a crise na Argentina, a perseguição de cristãos na Nicarágua, a eleição de um ex-guerrilheiro na Colômbia e do “doleiro dos doleiros”, que “soa” como provocação do presidente, devido às acusações de envolvimento de Dario com membros da família Marinho, dona do grupo Globo de comunicação.