Segundo um estudo publicado nesta segunda (12) pela British Antartic Survey (BAS) realizado no Mar de Weddell, no oceano Antártico, indica que as águas profundas dessa localidade estão aquecendo. Conforme o estudo, as consequências trazem um grande impacto nas mudanças climáticas e nos ecossistemas oceânicos do planeta terra.
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Conhecida como as águas salgadas mais profundas e frias da Antártica, essa parte do oceano do polo Sul desempenham um papel importante, pois ajudam na regulação do planeta amortecendo as mudanças climáticas, absorvendo o calor e os efeitos da poluição de carbono possivelmente causadas pelo homem e também fazem a circulação de nutrientes.
No Mar de Weddell, ao longo da costa norte da Antártica, nessa região a massa de água está em declínio, devido às mudanças a longo prazo nos ventos e no gelo marinho. Para essa análise os cientistas usaram dados coletados por navios e satélites para avaliar o volume da temperatura e o nível de sal nessa parte do oceano, sendo a parte mais profunda do Oceano Antártico.
“Algumas dessas seções foram visitadas pela primeira vez em 1989, tornando-as algumas das regiões mais abrangentes do Mar de Weddell”, escreveu Povl Abrahamsen, oceanógrafo físico da BAS e coautor do estudo.
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Conforme a matéria, foi descoberto que o volume das águas frias do oceano analisado, encolheu mais de 20%, em três décadas, e também que as águas oceânicas com profundidade maior que 2 mil metros aqueceram mais rápido que o resto do oceano global.
“Costumávamos pensar que as mudanças no oceano profundo só poderiam ocorrer ao longo dos séculos. Mas essas observações importantes do Mar de Weddell mostram que as mudanças no abismo escuro podem ocorrer em apenas algumas décadas”, afirmou em nota Alessandro Silvano, da Universidade de Southampton, no Reino Unido, que também é participante do estudo.
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Conforme o estudo, a explicação para o aumento da temperatura dessas águas profundas se dá pelas mudanças na formação do gelo marinho causadas por ventos mais fracos. O estudo diz que os ventos mais fortes empurram o gelo para longe da plataforma de gelo, que deixam a área mais aberta propiciando a formação de gelo. Ventos fracos, significam áreas menores o que retarda a criação de gelo marinho.
A nova formação de gelo marinho é vital para a criação de água mais frias e salgadas do Mar de Weddell. Conforme a água congela, ela retira o sal da água, e como a água salgada é mais densa, ela chega ao fundo do oceano. As mudanças nesse ecossistema podem ter consequências globais de grande alcance. Por ser uma região vital de circulação global, transportando poluição de carbono causados pelo homem para o oceano profundo, onde permanecem por séculos como informou Silvano.
Desde a década de 70, os oceanos absorvem mais de 90%, do excesso de calor do mundo, absorvendo também quase um terço da poluição de carbono produzida pelo homem. Segundo ele se essa circulação enfraquecer, menores quantidades de carbono que serão absorvidas, pela parte mais funda do oceano, o que vai limitar a capacidade de mitigar o aquecimento global, informou o especialista.
“O estudo é um alerta precoce. As mudanças em curso na camada de águas profundas da Antártica já estão acontecendo e não estão indo na direção que queremos” disse Shenjie Zhou, oceanógrafo da BAS principal autor do estudo.